quarta-feira, 9 de julho de 2014

Como tudo começou...


Quando libertamos os desejos escondidos e enfrentamos o medo de os realizar, coisas fantásticas podem acontecer!
                Andava eu a caminhar pelas margens da pateira de Fermentelos, num período menos bom da minha vida, quando me senti tão inspirada pelo que me rodeava que só queria saber pintar para transportar toda aquela calma e cores para a tela.  
                O desencanto da alma não  me impediu de ver a beleza que me rodeava. As cores do Outono começavam a surgir e aos poucos deixei-me inspirar por tanta serenidade e beleza. Visualizei logo ali o que gostaria de pintar e de transmitir, contudo havia um problema: nunca tinha pintado, nunca fui praticante das artes decorativas, visuais, artísticas, nada... Sempre gostei de admirar arte, algumas experiências anteriores tinham-me levado a ser observadora e interessada pelas questões artísticas, mas apenas como observadora. Não deixei de pensar no assunto. Pedi ajuda a uma amiga, professora de Educação Visual, que foi comigo comprar os primeiros materiais. Vi que seria um hobby dispendioso, mas não me demoveu.
                Fiz a primeira experiência sozinha e não me satisfez. Continuei a experimentar. Comecei a procurar pessoas que já tinham passado pelo mesmo que eu... Comecei a ser mais observadora...Tinha consciência das minhas limitações, os resultados não eram os que eu tinha imaginado, mas não desisti. Procurei uma professora e comecei a frequentar aulas. O meu entusiasmo era de tal ordem que eu tinha consciência da evolução que estava a ter todas as semanas. Não parei, experimentei várias técnicas, vários materiais, tentei praticar e experimentar o mais possível. Fazia trabalhos nas aulas, mas principalmente em casa. Gostava de ocupar os tempos disponíveis para aprender, melhorar, progredir.
                Os horários foram mudando, a disponibilidade também, mas a realização que a pintura me tem trazido tem-me feito continuar  a procurar aprender sempre mais.
                Passaram dois anos e tive o privilégio de fazer uma pequena exposição, na freguesia onde tudo começou: Fermentelos. Chamei-lhe “As cores de Outono”.  A minha visão da arte é a minha visão. Para quem nunca tinha feito um risco, tenho trabalhado muito na minha evolução e sinto-me realizada com o que consegui até agora. Sei que ainda tenho muito trabalho pela frente até conseguir realizar o que imaginei, naquele dia, na Pateira. Sei que não agradarei a todos, mas quem agrada? Estou a agradar a mim própria, estou a fazê-lo por mim.      Os meus quadros pretendem transmitir calma, serenidade e a abstração do momento. Tudo aquilo de que precisamos em momentos difíceis para conseguirmos ver a inspiração, para não nos deixarmos perder no aparente caos, é transportarmo-nos para sítios calmos que nos ajudam a ver a vida de outra forma, muito mais bonita e serena. E não falta inspiração no nosso planeta fantástico. Foi isso que a pintura fez por mim nestes últimos 2 anos. A pintura e este processo criativo têm-me transformado numa pessoa diferente, mais calma e, ao mesmo tempo, mais corajosa para enfrentar medos antigos e realizar sonhos que estavam escondidos.       Depois de muitos anos, consegui escrever um pequeno livro que ilustrei, também. Outros projetos se seguirão. A pintura tem destas coisas: superarmo-nos todos os dias, também!  



Texto publicado em: http://theworldshape.blogspot.pt/2014/05/theworldshape-invites-susana-freitas.html?spref=fb

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